Meus queridos amigos,
O texto abaixo, de um Pastor Evangélico, refere-se ao episódio envolvendo os jogadores do Santos numa visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças com deficiência cerebral, para lhes entregar ovos de Páscoa. Uma parte dos atletas, dentre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fábio Costa, se recusou a entrar na entidade, e preferiu ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação de que eram evangélicos e não entrariam num local fundado e dirigido por Espíritas.
Achei interessante este artigo e que cabe perfeitamente no entendimento entre Religião aparente e Religião essência. Mas muitos de nós somos idênticos aos meninos da vila. Em atuações distintas, porém, com a mesma postura preconceituosa: Em alguns momentos voltados a discutir qual religião é a certa, qual defende o ponto de vista mais realista, qual seria a “verdadeira religião”. Em um olhar mais profundo, definiríamos como SUPERFICIALIDADE.
Ao ler este artigo, você perceberá que as religiões se direcionam ao mesmo objetivo e caminham em uma mesma direção: “Amem uns aos outros”. Simples, “fácil”, mas tão difícil de ser colocada em prática.
Pena que não somos, em alguns momentos, capazes de perceber isso.
OBS: este texto foi base para uma palestra que realizei com o Grupo de Jovens da Igreja Católica do São Bento.
Reflexão para a paz
Os meninos da vila erraram, porém irei defendê-los
Eles não erraram sozinhos.
Fizeram a cabeça deles.
O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica na superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião. A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e de cada uma das tradições de fé. Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra a prática do homossexualismo, ou mesmo, se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião.
Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião. O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Alá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir, enquanto outros, e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio, através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um Deus com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos, no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade, que a sua religião ensina – ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e a miséria de uma paralisia mental.
Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico e santista, desde pequenininho.
Muita luz e paz a todos vocês. Até a próxima.
Beijo grande a todos.
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